INDÍGENAS Parakanã denunciaram um novo ataque a bala feito por pistoleiros na Terra Indígena (TI) Apyterewa, no sul do Pará, ocorrido no sábado (24), duas semanas após a última ocorrência. Desta vez, ninguém ficou ferido.
Segundo os relatos, os atiradores teriam utilizado metralhadoras e outras armas de alto calibre. Este é o sexto ataque registrado na TI Apyterewa nos últimos seis meses. O território é considerado o mais desmatado da Amazônia.
Desde a operação de desintrusão (retirada de ocupantes irregulares) iniciada em outubro de 2023 pelo governo federal, os ataques vêm se repetindo, mantendo o território sob tensão constante.
Em nota publicada na segunda-feira (26), o Ministério dos Povos Indígenas informou que, após a nova ação de pistoleiros, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão no distrito de Taboca, em São Félix do Xingu. As investigações continuam para identificar todos os envolvidos.
Apesar das medidas, o povo Parakanã vem apontando negligência do Estado com a segurança dos indígenas da região. Em julho de 2024, poucos meses após o encerramento da operação de desintrusão, a Associação Indígena Tato’a, que representa os Parakanã, denunciou que o território continuava sendo invadido com frequência para a colheita ilegal de cacau.
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Entenda o conflito
Em outubro de 2023, o governo federal realizou uma megaoperação para retirar os ocupantes irregulares da TI Apyterewa. A ação contou com apoio do Exército, da Polícia Federal, da Força Nacional, além de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da Funai.
Localizada no sul do Pará, a Apyterewa tem 773 mil hectares – uma área equivalente a cinco municípios de São Paulo. Na época, cerca de 700 indígenas viviam na porção norte, próximas ao rio Xingu. Havia também registros da presença de indígenas isolados e de recente contato, segundo o comando da operação.
Dos 773 mil hectares do território, já foram desmatados mais de 55 mil hectares (cerca de 14% do total). Mais da metade da destruição ocorreu entre 2019 e 2022, período corresponde ao do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Durante o processo de demarcação da terra indígena, ao longo dos anos 2000, a Funai identificou 1.175 posseiros na área, conforme dados obtidos pela Repórter Brasil via Lei de o à Informação. Desse total, o órgão reconheceu 292 como ocupantes de boa-fé, com direito a compensações por benfeitorias. Já os 883 restantes foram considerados de má-fé, sem qualquer direito às terras onde estavam instalados.
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